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GISELLY RODRIGUES

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A trajetória de Giselly no futebol iniciou-se juntamente com sua vida. Por desde sempre não se encaixar nos padrões masculinos que a fora imposta desde sua infância, Giselly era obrigada a jogar no time de futebol masculino de seu pai. Mas isso não a impediu de ser apaixonada pelo esporte. Sua vontade de jogar só cresceu, fazendo com que ela continuasse no esporte ao longo de sua adolescência. 

“Eu participei de vários times. Alguns sofrendo preconceito, outros não e fui bem acolhida. Participei de times de escola, nos intercolegiais, interclasse... seja a escola que tivesse lá eu fui chamada pra participar da seleção”

E não era de se negar que a jovem Giselly era boa no que fazia, brilhando em cada time e seleção escolar que passava. Mas infelizmente sua presença incomodava as mentes intolerantes ao seu redor. Em certo jogo da reta final do intercolegial, ela foi convocada a substituir um jogador contundido. O jogo acontecia normalmente com aquele ar de competição e muita animação das torcidas, até que o treinador de seu time para o jogo e em tom grosseiro diz que Giselly não iria mais jogar e que seria substituída.  A decisão causou revolta no time: Giselly questionava o treinador, enquanto os outros jogadores se recusavam a jogar sem a sua nova goleira. 

“Se a Gi sair, eu também saio”

 

A torcida gritava seu nome e o capitão do time tirava seu uniforme em protesto. Todos queriam ver Giselly jogar. Após um consenso, a goleira substituta voltava para o jogo e o resto foi história: O time de Giselly não só ganhara o jogo em questão como o campeonato intercolegial.

 

Hoje, aos 33 anos, Giselly lembra dessa situação como algo que a fez superar mais uma barreira em sua vida. Uma de muitas. Em sua vida adulta, teve que batalhar muito por sua independência e para sobreviver, deixando seu sonho de atuar profissionalmente no esporte de lado. Mas seu amor pelo futebol não adormeceu. Atualmente atuante na área da estética, Giselly ainda joga sua “pelada” aos fins de semana e encontrou mais uma vez uma forma de brilhar dentro de campo, jogando junto do Cangayceiros FC. “No cangaceiro eu fui mais recebida, mais acolhida do que qualquer em outro lugar [...]”

 

A representatividade de Giselly no nicho de futebol é, sem dúvidas, um ato de resistência, mostrando que pessoas trans e travestis querem ocupar estes espaços e devem ser incluídas. Outras Gisellys querem jogar.

Confira a entrevista completa:
00:00 / 29:22
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